No contexto contemporâneo de trabalho, a segurança psicológica nas equipes emerge como um elemento crucial para garantir a produtividade e o bem-estar dos colaboradores.
A segunda aula da Escola de Formação de Lideranças do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná, ministrada pela psicóloga Gabriela Comper, explorou como essa segurança pode ser cultivada através de habilidades interpessoais, com ênfase em duas práticas fundamentais: a escuta ativa e a formulação de perguntas poderosas.
A segurança psicológica é um conceito que se refere à crença compartilhada entre os membros de um time, onde todos se sentem seguros para correr riscos interpessoais.
Isso implica que os colaboradores podem expressar suas opiniões, fazer perguntas e cometer erros sem temer represálias ou julgamentos. Ao construir um ambiente onde a vulnerabilidade é aceita, as organizações podem não apenas melhorar a moral dos funcionários, mas também impulsionar a inovação e a criatividade.
O que é Segurança Psicológica?
A segurança psicológica foi amplamente discutida por especialistas como Amy Edmondson, que define essa condição como uma crença compartilhada de que o ambiente de trabalho é seguro para a tomada de riscos interpessoais. Durante a aula, Gabriela destacou que a interação e a gestão das diferenças são cruciais para evitar conflitos e promover um ambiente colaborativo.
Elementos da Segurança Psicológica
Durante a aula, foram revisados os sete elementos fundamentais que compõem a segurança psicológica:
- Reação a erros: A forma como uma equipe lida com falhas é fundamental para cultivar um ambiente seguro. Se os erros são vistos como oportunidades de aprendizado, os membros da equipe se sentirão mais à vontade para compartilhar suas falhas.
- Encerramento de problemas: A capacidade do time de discutir questões difíceis sem medo de represálias é essencial. Isso requer um ambiente onde todos se sintam seguros para trazer à tona preocupações.
- Aceitação da diversidade: A valorização das diferenças individuais entre os membros da equipe enriquece as discussões e promove uma cultura de inclusão.
- Assunção de riscos: Todos os membros devem sentir que podem assumir riscos coletivamente, aprendendo com as consequências, independentemente do resultado.
- Pedir ajuda: Um ambiente seguro deve incentivar a solicitação de apoio, promovendo uma cultura de colaboração.
- Apoio mútuo: Os colaboradores devem sentir que estão em um ambiente onde todos trabalham juntos em direção ao sucesso comum.
- Reconhecimento das diferenças: Apreciar as singularidades de cada membro da equipe fortalece o vínculo entre eles e promove uma melhor dinâmica de grupo.
A Escuta como Habilidade-Chave
A escuta ativa é apresentada como uma habilidade crucial para criar um ambiente seguro e produtivo. Gabriela enfatiza que a qualidade da escuta pode transformar as interações e fortalecer as relações dentro do time. A escuta não deve ser um mero ato mecânico, mas sim um processo ativo e intencional.
Níveis de Escuta
Gabriela apresenta quatro níveis de escuta que vão desde a escuta superficial até uma escuta mais profunda e significativa:
- Escuta habitual: Neste nível, a pessoa simplesmente ouve, mas não presta atenção real ao que está sendo dito. É comum que as pessoas façam julgamentos ou pensem em suas respostas enquanto o outro fala.
- Escuta factual: Aqui, o ouvinte começa a prestar atenção aos fatos apresentados, mas ainda pode não estar totalmente engajado emocionalmente na conversa.
- Escuta empática: Neste nível, o ouvinte tenta compreender as emoções e experiências do outro. Isso requer uma abertura para se conectar emocionalmente com o que está sendo compartilhado.
- Escuta generativa: Este é o nível mais elevado, onde a escuta leva à criação conjunta de novas ideias e soluções. O ouvinte não apenas absorve as informações, mas também contribui para o diálogo e a construção coletiva.
O Exercício da Escuta Ativa
Um dos exercícios propostos por Gabriela foi dedicar cinco minutos para ouvir alguém sem interrupções, refletindo sobre o que foi dito e retornando com um resumo do entendimento. Esse simples exercício pode ter um impacto profundo nas relações interativas, mostrando ao interlocutor que suas palavras são valorizadas e que ele é respeitado.
O Poder das Perguntas
Além da escuta, a capacidade de fazer perguntas poderosas é fundamental para engajar os colaboradores e fomentar um ambiente de segurança psicológica. Perguntas abertas instigam reflexões e promovem diálogos significativos. Gabriela sugere evitar perguntas que busquem apenas confirmação ou que sejam muito fechadas, pois isso limita o potencial de diálogo e aprendizado.
Exemplos de Perguntas Poderosas
Durante a aula, foram sugeridas várias perguntas poderosas que podem ser utilizadas em reuniões ou interações diárias:
- “Quais são suas ideias para resolver esse problema?”
- “Como você se sente em relação a essa mudança?”
- “O que podemos aprender com essa situação?”
Essas perguntas não apenas encorajam os colaboradores a se expressarem, mas também ajudam a identificar áreas de melhoria e inovação.
A Importância da Auto-reflexão
A aula termina com um convite à auto-reflexão sobre como aplicar os conceitos discutidos no dia a dia. Gabriela incentiva os participantes a observar suas próprias práticas de escuta e questionamento, assim como a fazer ajustes para promover um ambiente mais seguro e colaborativo.
Refletindo sobre o Comportamento Próprio
Uma parte essencial do processo de aprendizado é reconhecer os próprios comportamentos e padrões de interação. Perguntas como “Estou realmente ouvindo o que os outros estão dizendo?” ou “Estou fazendo perguntas que incentivam o diálogo?” podem ajudar os líderes e membros da equipe a se tornarem mais conscientes de suas práticas.
Conclusão
A segurança psicológica e a habilidade de escutar ativamente são essenciais para o sucesso das equipes. O desenvolvimento dessas competências não apenas melhora as relações interpessoais, mas também contribui para resultados organizacionais mais positivos. Ao cultivar um espaço onde todos se sentem seguros para expressar suas ideias e preocupações, as equipes podem inovar e superar desafios com eficácia.
Reflexão Final
Ao final da aula, Gabriela reafirma que a segurança psicológica não depende apenas dos líderes; cada membro da equipe tem um papel fundamental na construção desse ambiente seguro. Incentivar uma cultura onde todos se sintam à vontade para compartilhar ideias e questionar processos é uma responsabilidade coletiva.
Próximos Passos
Na próxima aula, os participantes serão incentivados a aprofundar ainda mais suas habilidades em escuta e perguntas, aprendendo técnicas adicionais para fomentar um ambiente colaborativo e produtivo. O desafio será colocar em prática tudo o que foi discutido, refletindo sobre as interações diárias e buscando sempre melhorar as relações interpessoais dentro do ambiente de trabalho.
Com essas práticas em mente, espera-se que cada participante saia da Escola de Formação de Lideranças não apenas como um profissional mais capacitado, mas também como um agente transformador na cultura organizacional em que atua. A jornada rumo à segurança psicológica começa com pequenas ações diárias que podem levar a grandes mudanças no longo prazo.
Ao invés de ver as interações apenas como tarefas diárias, devemos enxergá-las como oportunidades valiosas para construir relacionamentos sólidos e frutíferos. Isso não só melhora o clima organizacional como também potencializa a performance das equipes.
Portanto, ao final dessa jornada formativa, espera-se que todos estejam equipados não só com conhecimento teórico sobre segurança psicológica, mas também com ferramentas práticas que possam ser aplicadas no cotidiano profissional, contribuindo assim para ambientes mais saudáveis e produtivos.